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quinta-feira, março 30, 2006

Preciso enfrentar

É certo que ainda bate mas neste momento bate de uma forma diferente. Hoje tenho já os meus olhos virados para outro lado, num sítio onde ninguém que eu conheça foi, mas onde alguém que mora no meu pensamento vive.

O gosto pelo sofrimento é enorme em mim, pelos vistos é coisa que adoro mas é nestes momentos de sofrimento que reparo que o sentimento já não é o mesmo, que este está a mudar, de momento apenas sinto pena por tal estar a acontecer pois foi um sentimento bom. Gosto de recordar esses momentos, mas admito que me baralham a cabeça, sei o que tenho de fazer...

É nesses momentos que sorrio a vida, embora com alguns problemas que esta insiste em mantê-los, e sigo em frente. Olho no meu pensar quem eu sinto falta e apenas choro por estar longe. Enfim, sentimentos que se clarificam mas que sei que há algo que os pode mudar, a isso chama-se futuro, algo que temos que enfrentar de frente, sem medo. É coisa que tenho tido ultimamente, medo de o enfrentar.

terça-feira, março 21, 2006

Egocentrismo

egocentrismo (Lat. ego + centro) s.m. tendência para fazer de si o centro do universo e de considerar o mundo em função do seu interesse e ponto de vista - "detesto pessoas egocêntricas que sobrepõem os seus desejos aos meus".


Preocupação excessiva consigo mesmo é egocentrismo e o egocentrismo é o mais alto grau de egoísmo. Muita gente não percebe que essa preocupação é egoísm0[do latim ego (eu; amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimentodos alhieos; conjunto de propensões ou instintos que levam à conservação do indivísuo].
Este tipo de egoísmo é traiçoeiro, subtil e comumente difícil de ser reconhecido. O indivíduo doente freqüentemente nega que isso seja egoísmo. A pessoa doente está sempre inteiramente preocupada com o que está a sentir e com coisas semelhantes, no que lhe diz respeito. O mundo? Os Outros? Podem ir para o inferno... Não está interessada em mais nada a não ser como se sente, no que deseja, no que consegue para si, como os outros a tratam e nas vantagens que possa levar. Estou certo disso.
Infelizmente é o que sinto de alguém, sinto que esse alguém perde-se por completo devido ao seu egocentrismo excedentário, exagerado, que leva a uma cegueira extrema. A sua ambição é tal que nada mais interessa que o seu EU e mais nada nem ninguém.

terça-feira, março 14, 2006

Pensativo

Hoje dei por mim a pensar nela, a pensar se já tinha sido esquecido. Sei que não. Pelo menos por enquanto sei que não, recordo-a com saudade e sorrio.

sábado, março 04, 2006

A Falácia da Co-Incineração

A solução da poluição em Portugal, como em todo o planeta em geral, exige medidas de fundo. É preciso criar um modo de produção que acabe com o "lixo", isto é, o próprio "lixo" tornar-se-á, todo ele, recurso ou bem natural novamente disponível.
A noção de reciclagem é de resto a regeneração que transforma os detritos momentâneos em bens renovados e reutilizáveis. É este o grande "milagre" negentrópico que teremos de generalizar no futuro processo civilizacional.
O antigo processo civilizacional urbano-industrial, que a humanidade construiu sobretudo a partir do séc. XIX, tem a ver com uma cosmovisão maquinista do mundo e uma lógica linear que preside a esse ponto de vista.
No final do séc. XX, a cosmovisão foi-se alterando. O esgotamento dos bens naturais e das energias fósseis, o uso de materiais não recicláveis e tóxicos, revelou o carácter auto-destrutivo deste paradigma.
Uma nova cosmovisão eco-sistémica e uma eco-técnica, permitem encontrar fundamentos alternativos para este "modelo" esgotável, esgotante e esgotado.
Reduzir os resíduos, reutilizar objectos produzidos, reciclar e utilizar energias renováveis, possibilitam repensar o processo produtivo e encarar um desenvolvimento ecologicamente sustentado e valorizando a associação e a cooperação entre produtores, consumidores e decompositores da biocenose.
A comissão científica em que o governo se apoia, não fez uma investigação sistémica nem abordou a questão da complexidade entre as relações do desenvolvimento da técnica e da sociedade. Confessou não ter suficientes dados. Abordou de uma forma analítica a questão das técnicas de queima de resíduos, sem uma visão mais ampla e que assentasse sobre uma óptica preventiva.
De resto, para uma abordagem complexa e sistémica, teria que se proceder à recolha de informação que ainda não existe e teria que se alargar a problemática do ambiente a uma vasta rede de implicações, o que levaria à organização de múltiplas equipas transdisciplinares que, aliás, já deveriam estar a trabalhar em todo o território.
É claro que o sr. Ministro tem dito que é preciso agir..., agir..., agir!...
Mas não pode escudar-se então em estudos tão analíticos e parcelares duma comissão reduzida e redutora por falta de dados e abrangência de problemáticas, legitimando tecno-idolatricamente a decisão política, como se a política fosse mero instrumento técnico.
Se o Ministro Sócrates e o governo, quisessem verdadeiramente agir e em matéria de que não ressaltam já dúvidas na comunidade científica nem nas populações, iria agir no essencial, resolvendo os problemas de fundo:

* substituir as fontes de energia fóssil por energias renováveis;
* organizar a reciclagem de águas usadas, em todo o território;
* regenerar os cursos de água poluídos;
* proceder à arborização em função da biodiversidade, do bioclima e das necessidades para um desenvolvimento ecologicamente sustentável;
* implementar transportes públicos não poluentes;
* minimizar, indo mesmo até à eliminação total, todos os resíduos tóxicos;
* promover os processos de reciclagem de todos os lixos. E, nos resíduos perigosos, adoptar ainda medidas de reciclagem cada vez mais controladas, susceptíveis de reciclar, por exemplo, os solventes e os óleos, como revelam as experiências já existentes na Europa .

Apesar de tudo, admitindo que ficariam, eventualmente, por resolver outros resíduos perigosos (percentagem já muito reduzida em relação aos restantes lixos), só então, no final de linha de todo este processo de reciclagem e reutilização, se colocaria o destino desses eventuais resíduos tóxicos.
O governo quer começar pelo fim, como se a solução da poluição dependesse da co-incineração. É a lógica da maquilhagem, da panaceia, para fingir que se muda, continuando tudo na mesma e servindo interesses privados em detrimento de interesses públicos.
Se o governo estivesse bem intencionado, como diz que está, e admitindo (o que é discutível) que a co-incineração fosse a única alternativa possível para a comissão científica independente, então, mesmo nesse caso, a co-incineração seria utilizada como um mal menor "in extremis", num prazo restrito e apenas em função dos lixos tóxicos acumulados no passado, sem se permitirem futuras emissões tóxicas. Haveria ainda a opção de armazenar até se conseguirem novos processos de reciclagem ou reutilização, que todos os dias estão surgindo, como mostram inúmeras novas empresas para o tratamento de resíduos tóxicos.
O que é claro é que este governo, sem um plano estrutural e medidas práticas de fundo para prevenir os meios que determinam os lixos tóxicos e, ao "apostar" na co-incineração, do modo como o faz, incentiva a continuação de produção de resíduos tóxicos: podem continuar a "lixar" o ambiente pois o governo arranjou um processo alargado de "limpar". Eis o que se revela, em substância, com este tipo de apostas em que lixo e negócio andam de mãos dadas.
É que o governo, nos lixos como na habitação, na sociedade como no território, mais não faz do que estar ao serviço da globalização, geo-estratégia das grandes multinacionais, sem querer responder aos interesses públicos, planetários.
O programa polis é outra panaceia fachadista para enfatizar o valor de troca em relação às necessidades públicas, nesta economia neo-liberal em que se pretende transformar o mundo numa mega empresa para enriquecer meia dúzia de "big brother’s" accionistas deste funesto desígnio de exploração e devastação do planeta.
Se a aposta do governo fosse verdadeiramente empenhada no desenvolvimento ecologicamente sustentado, eram eco-polis que o governo deveria promover.
Por isso, o governo não dá passos sólidos e importantes na prevenção. O frenesim do sr. Ministro parece estar todo orientado para o negócio dos lixos e da co-incineração, sem querer resolver os problemas de prevenção.
O filósofo português Pedro Hispano (séc. XIII), definiu falácia como uma forma de "fazer crer que é, aquilo que não é, mediante alguma visão fictícia, sem consistência real".
Concluindo:
A falácia do Ministro Sócrates, ao querer insistir na co-incineração, oculta a verdadeira solução do problema, que consiste em, preventivamente, evitar o uso da própria co-incineração, por esta não ser solução.
Faz-me lembrar uma história, talvez portuguesa, turca ou chinesa. Já não me lembro.
Um vendedor estava muito interessado em vender um par de botas. Mas estas eram pequenas e não serviam nos pés do comprador. A ganância era tanta que o vendedor tentou convencer o cliente a deixar-lhe cortar um bocado do pé para lhe calçar a bota... Diz-nos esta história-ensino que quando o vendedor se preparava para lhe cortar o pé, recebeu um valente pontapé!...

quinta-feira, março 02, 2006

Amor ali

Guardo na lembrança amor aqui
mas vou dizendo amor ali.

Na lembrança sonho viver assim
e é na esperança que alguém se lembra de mim.
Se lembra que eu existo,
se lembra que fui assim.
Aqui, dentro de mim
eu pensei em ti.

É tortura dos tempos
é tortura sem fim,
que guardo na alma, espírito aqui.
Finda a glória vivida
sinto-me bem aqui.
Horizonte disperso se depara diante de mim.
02/03/06